O Encantador de cavalos e de vidas e seus ensinamentos aos humanos
“É preciso a certeza de que tudo vai mudar. É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem sabe ver... Se não houver frutos, valeu a bel
eza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente”. (Henfil)
Quem acompanhou a palestra do empresário carioca Eduardo Moreira na 35ª Expointer, na última quarta-feira (29), renovou a esperança em relação à vida com a mensagem acima deixada por ele. A SEDA teve o privilégio de participar do evento e contar um pouco a história do “Encantador de Cavalos” aos leitores do Informativo.
Eduardo é praticamente um guri. Tem 36 anos e se mudou para São Paulo para trabalhar, voltar às raízes e realizar o sonho de se tornar fazendeiro. Porém, a realidade foi completamente diferente quando dois tombos mudaram radicalmente a sua vida.
Um erro, um acerto
Foi em 2009 que Eduardo Moreira saciou o desejo de encontrar uma fazenda próximo à cidade de São Paulo. Para completar tamanha felicidade era preciso um cavalo, e, sem saber exatamente como adquirir um, instintivamente, optou por um clik no computador: “Vende-se égua espetacular. Mansa de sela, ótima para passeios, bem domada, genética raríssima e prenhe de campeão”. Como o preço era mais “espetacular” ainda, o empresário quis logo garantir a compra.
Dias depois, lá estava a égua na fazenda de Eduardo, que não titubeou e saiu montando. Ela era alta, forte e hábil; ele, quase nada hábil na sela. Depois de muitos pulos, o cavaleiro quis saltar para evitar o acidente. Tarde demais, pois os dois saltaram juntos, Eduardo caiu e precisou ficar alguns meses de repouso.
Um amigo, sabendo da paixão de Eduardo por animais, o presenteou com o livro “O homem que ouve cavalos”, do americano Monty Roberts. “Na dedicatória, meu amigo achava que aquele livro teria boas lições para mim. Comecei a lê-lo imediatamente e logo me apaixonei pelo conteúdo”, conta.
Quando criança, Roberts teve 62 ossos quebrados devido às agressões sofridas pelo pai. Foi a partir desta dor na alma, e ainda criança, que o americano aprendeu a se comunicar com os cavalos numa linguagem que ele chamava de Linguagem Equus. Com seu método, sem usar a violência, era possível lidar com as atitudes indesejadas de qualquer cavalo no mundo em questão de minutos.
Segunda-feira: o melhor dia da semana
Enquanto convalescia do tombo, Eduardo Moreira ligou várias vezes para os Estados Unidos com o intuito de fazer o curso de Monty Roberts, no entanto, as vagas haviam sido preenchidas há mais de ano. O empresário não se deu por vencido e insistiu até conseguir. E conseguiu!
Ele viajou para Califórnia, onde vive Roberts, para cinco dias de curso básico. E o que mais chamou a atenção de Eduardo foi uma frase do mestre poucos minutos depois de conseguir fazer com que um cavalo deixasse seu comportamento ameaçador e agressivo de lado para adotar uma postura calma e prestativa: “Meu Deus, como eu gosto do que faço. Ver um cavalo reencontrar a confiança em sua relação com as pessoas, largar seus hábitos agressivos e perigosos e poder, assim, salvar sua vida, me realiza e me torna plenamente feliz. Não posso chamar isso de trabalho, não seria justo. O melhor dia da semana é a segunda-feira, pois sei que estou de volta àquilo que mais gosto de fazer vida...”.
Sexta-feira: alguma coisa está errada
De volta ao Brasil, Eduardo Moreira quis colocar em prática o método de Monty Roberts. Foi a uma fazenda vizinha e escolheu o cavalo mais rebelde. Vinte e cinco minutos depois, domou a fera. Satisfeito com o resultado, Eduardo correu para o telefone, imaginando que Roberts se impressionaria também. Sem meias palavras, o americano disse: “Você não deveria ter feito isso, e, se quiser domar um cavalo, terá que fazer um curso de três meses". No instante seguinte, enquanto o aluno assimilava o sermão, ouviu também: "Em mais de 50 anos, nunca ninguém aprendeu tão rápido o método. Você aprendeu em cinco dias o que o curso ensina em três meses”.
A partir daí, Eduardo mudou seu comportamento em relação à vida. Deixou o status de banqueiro, fundou com dois amigos a gestora de recursos Plural Capital e passou a dedicar mais tempo para “encantar cavalos”: “Para mim, sexta-feira era o melhor dia da semana, e, depois de conhecer Monty Roberts e ouvir o que ele havia dito sobre segunda-feira, achei que alguma coisa estava errada comigo. Percebi o quanto era difícil partilhar resultados sem compartilhar sonhos. Eu tinha status, uma boa poupança, uma bela casa, meu sítio, mas não era feliz. Minhas segundas-feiras eram horríveis e eu precisava fazer alguma coisa”.
Com apenas um lápis e um papel em branco nas mãos no início, passados três anos, a Plural atua em São Paulo, Rio de Janeiro e Nova York; tem 500 funcionários; fatura R$ 10 bi ao ano; e Eduardo ainda encontra tempo para domar cavalos. Mais de 400 já passaram pelas suas mãos. “Eu disponho uma grande parte do meu tempo livre para as apresentações com os cavalos sem tirar uma hora do meu trabalho no mercado financeiro. Se você acredita numa coisa que gosta, que acha que é possível ir lá e fazer, é um risco, é um negócio que tem que encarar mesmo com opiniões contrárias. Mas no fim é gratificante”.
Linguagem corporal é a alma do método
Existem dois tipos de animais na natureza: os predadores e fugidores. Os predadores têm a capacidade de observar atentamente e capturar a sua presa. Já os fugidores percebem que foram observados pelo predador, e, num ato de proteção e sobrevivência, disparam. Ou seja, a comunicação entre os animais acontece através do olhar, e Eduardo a classifica como “comunicação silenciosa”. “Olho no olho é uma atitude de predador, mesmo que este olhar se dê entre um homem e um animal. A leitura do animal é: ‘eu vou te atacar’”.
A lição de Monty Roberts ao pupilo brasileiro é a seguinte: expresse-se através da linguagem corporal com os animais, pois este é o sucesso da técnica. “Quando levanto os braços com as mãos abertas, estou dizendo ao cavalo: ‘estou aqui’; enquanto os braços levantados com as mãos fechadas quer dizer: ‘me rendo’. Os braços na direção das orelhas do animal significa que ‘estou dando a minha direção’; e quando eu abaixo a cabeça com os braços suspensos, o cavalo entende que estamos numa posição de igualdade”.
O segundo acidente, outra grande virada
Um simples tombo, numa tentativa “esperta” de furar a fila do táxi em um dia chuvoso, quase acabou em amputação do pé de Eduardo Moreira. Eis que entra profundamente em sua vida o preparador físico Nuno Cobra para ajudar na recuperação: “Edu, minha maior preocupação neste momento não é o seu pé, mas a sua mente. Precisamos ocupar a sua mente para que você mantenha o prumo e o equilíbrio de que precisa para a recuperação. Vou fazer uma lista de atividades e exercícios de respiração para que você adquira esse estado”, disse Cobra na época.
Eduardo seguiu à risca e em dois meses abandonou as muletas, a bota de imobilização e já caminhava 3km por dia. “Se meu primeiro tombo me aproximou muito do maior encantador de cavalos do mundo, o segundo me aproximou do maior treinador de atletas de ponta do mundo. Percebi, então, que meus dois tombos tinham me dado de presente a amizade de dois verdadeiros encantadores de vidas”, relata o empresário.
Encontro com a Rainha
Em junho passado, Eduardo foi homenageado com um certificado entregue diretamente das mãos da rainha Elizabeth II, na Inglaterra, em reconhecimento ao esforço dele em eliminar o uso da violência no treinamento de cavalos no Brasil. “Quando comecei o trabalho com os cavalos, todo mundo falou ‘um cara do mercado financeiro, sócio de banco, ele enlouqueceu, não está com nada na cabeça, perdeu o juízo’. Também ouvi de muita gente que ‘estava querendo aparecer’ ou ‘jogando fora a oportunidade de ganhar dinheiro’. Foram três anos brigando com o mundo, até ser homenageado pela Rainha da Inglaterra”.
Lições de Eduardo Moreira
• Não fazer planos: planejar significa acordar no dia seguinte se cobrando mais e achando que pode não dar certo;
• Dar o melhor de si: o conselho é levantar da cama e dar o melhor de si sem planejar, baseado na melhor definição de que loucura é fazer sempre a mesma coisa e querer resultados diferentes. Saia da zona de conforto, exponha-se aos riscos e saiba lidar com as críticas;
• Sorte não é o que acontece com a gente; é o que se faz com que aconteça com a gente;
• Fazer: esta palavra, por si só, opera milagres.
O livro de “Encantadores de Vidas” já é o mais vendido do Brasil, e 50% da renda está sendo revertida à instituição de Monty Roberts, nos Estados Unidos, para que outros brasileiros tenham a oportunidade que Eduardo Moreira teve de mudar radicalmente a sua vida e aprender técnicas de que é possível, sim, domar animais com sensibilidade e respeito, atitudes, aliás, dignas de todo ser, não apenas dos humanos.
Um brasileiro está a caminho do rancho de Roberts, na Califórnia. Na volta, ele e Eduardo Moreira se unirão para criar o primeiro Centro de Treinamento do país. Assista aqui http://www.youtube.com/
Fonte SEDA
Olá, Ana Paula
ResponderExcluirMeu nome é Marise, sou do RJ.
Vc sabia q o Rio de Janeiro está sendo o primeiro estado brasileiro a proibir o uso de carroças e charretes ? Não está totalmente desejável pois ainda será permitido carroças nas zonas rurais e charretes nas turísticas, porém, já é um começo. O problema é q os carroceiros estão se manifestando contra o governador por causa dessa lei. Temo q ele acabe cedendo às pressoes e volte atrás nessa decisão. Porque de fato, não há um substituto a tração animal. Vc não se interessaria em apresentar o cavalo de lata aqui no Rio ? Com a pressão dos carroceiros, o governador Pezão pode ver uma solução com o projeto de vcs. Por favor, pense a respeito.
Obrigada !
Marise Felix